
Em toda "América" ou melhor, Abya Yala, muitos povos indígenas foram violentados e até dizimados, seja por doenças, escravidão, acordos não cumpridos ou por "guerras justas".
E essas feridas profundas ainda estão abertas e algumas inflamadas.
Jamais enquanto pessoas indígenas podemos compreender os direitos, políticas públicas e espaços conquistados como privilégios. Mas sim como acessos e que a qualquer momento pode ser subtraídos.
Meus pais e parentes remaram km de distância para poder defender a demarcação, enfrentaram viagens de avião, línguas e linguagens que não compreendiam.
Mesmo com todas as lutas, muitas delas foram apagadas da história. Isso tudo, porque é fácil perdemos a memória e confundirmos os acessos com privilégios ilusórios.
A nossa luta é continua, não existe o topo para nós indígenas, mas sim o todo, além do mais somos muitos, vivemos em diferentes comunidades e somos muitos povos.
Se um/a parente se vai, parte de nós se esvai, seja físico, cultural e espiritual.
Ser indígena, é a busca contínua para fortalecer nossa identidade. Mesmo que tenhamos que (re) começar quantas vezes for necessário com o que restou.
Afinal, se tudo se esvaziar e restar só o conhecimento e a memória não indígena em nós. Como vamos defender nossa identidade originária e os nossos direitos?
Texto: Sioduhi
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